segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Imagens (3) - Andrew Inwood

Velvet
Summer Coat




Este fotógrafo tem lindíssimas imagens, não acham? ♥

O próximo post desta rubrica será sobre outro meio que não a fotografia...

sábado, 28 de janeiro de 2012

Detecção de inconsistências e falhas no enredo




Há cerca de dois meses que estou a trabalhar numa história relativamente pequena (cerca de 6000 palavras) quando ao rever mais uma vez o enredo reparei, para meu grande espanto, que um pormenor que é fulcral para a sua resolução não era explicado nem fazia sentido. É interessante porque já tinha pensado exaustivamente em todo o enredo da história e, contudo, deixei escapar algo que agora me parece tão absurdamente óbvio. Este pormenor tem grande importância na maneira como a história se desenrola: é ele que leva a heroína a ponderar entre duas escolhas e é ele que, em última instância, justifica uma boa porção dos eventos que ocorreram antes da narração e que condicionaram a própria história. De imediato comecei a pensar em várias razões para que esse pormenor fosse válido na história e, embora ainda não esteja convencida de que consiga dar a volta a esta inconsistência, acredito que ao escrever um pouco mais conseguirei apresentar uma linha lógica.

Podem surgir inconsistências e falhas no enredo de qualquer história, por mais curta que seja. Tratam-se de pormenores que, na altura da escrita ou do planeamento são aceites incondicionalmente por nós mas que, algum tempo depois, revemos e pensamos "Como é que explico a passagem daqui para aqui?" ou "Esta transição não faz sentido e não explica...". São detalhes como estes que podem fazer a diferença para os leitores entre aceitarem e acreditarem na história ou interromperem a leitura devido à confusão ou à descrença - são detalhes que podem suscitar uma variedade de questões e com isso impedir o leitor de continuar a apreciar o livro, comprometendo a experiência da leitura.

A solução passa por pôr a história de parte para voltar a ela algum tempo depois - o suficiente para termos a certeza de que vamos reler o que escrevemos com um novo olhar ou, pelo menos, um olhar mais "fresco", descomprometido das experiências e do padrão de pensamentos que tínhamos naqueles dias em que planeámos o enredo. Rever um enredo com um certo tempo de distanciamento permite que se obtenha uma maior compreensão de todas as perspectivas sobre a qual aquela história pode ser compreendida e questionada, fornecendo informações valiosas para que se possa alterar alguns pormenores que ora explorem ora expliquem porções da história que não eram muito claras ou que não faziam sentido de todo. E é engraçado olhar para o que escrevemos no passado e confrontarmos a nossa visão crítica actual com a forma como imaginámos ou planeámos a história naquele momento.

É possível que daqui a uns posts, quando tiver a minha história pronta, conte exactamente qual foi a inconsistência que apareceu no meio da minha suposta cuidada planificação. Por enquanto, deixo um caso de uma série de livros cuja realidade e mundo aceitei durante uns bons anos e que, depois de uma exploração mais intensiva, comecei a questionar: Harry Potter. Até hoje penso que J. K. Rowling deveria ter explicado por que razão a comunidade internacional de feiticeiros não toma qualquer acção em relação ao Voldemort, por exemplo. E este é somente uma das muitas falhas que, apesar de continuar a gostar de Harry Potter, me fazem desejar que algumas partes estivessem melhor explicadas. Ainda assim, estou certa de que existem muitos mais exemplos noutros livros. :)

Desejo-vos uma boa semana!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Palavras (1) - Picture-Books in Winter

De vez em quando irei colocar aqui alguns excertos de histórias, poemas ou citações que li e que quis partilhar convosco. :)



Picture-Books in Winter
- Robert Louis Stevenson

Summer fading, winter comes--
Frosty mornings, tingling thumbs,
Window robins, winter rooks,
And the picture story-books.

Water now is turned to stone
Nurse and I can walk upon;
Still we find the flowing brooks
In the picture story-books.

All the pretty things put by,
Wait upon the children's eye,
Sheep and shepherds, trees and crooks,
In the picture story-books.

We may see how all things are
Seas and cities, near and far,
And the flying fairies' looks,
In the picture story-books.

How am I to sing your praise,
Happy chimney-corner days,
Sitting safe in nursery nooks,
Reading picture story-books?

'Twilight Dreams' 1913 by Arthur Rackham

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A Song of Fire and Ice e pontos de vista múltiplos



Uma das sagas de que se falou muito no ano anterior foi a incompleta A Song of Fire and Ice, que actualmente vai no seu quinto volume A Dance With Dragons. Intrigada com o entusiasmo da comunidade por estes livros e pela série que neles se baseia e que, dentro em breve, inicia a sua segunda temporada, não hesitei em colocar A Game of Thrones na minha lista de leituras. Entretanto, já tive a oportunidade de ler os quatro primeiros livros e, além de as obras não desapontarem no geral, permitiram que tomasse contacto e reflectisse sobre o modo como o autor decidiu contar a sua história: até agora, todos os livros encontram-se divididos em capítulos narrados sob o ponto de vista de uma das personagens, sendo que o número de pontos de vista diferentes em cada livro ultrapassa a dezena.

É uma história que não foca nenhuma personagem; em vez disso, uma ampla selecção delas contribui com um pouco dos eventos vistos pela sua perspectiva, alargando os horizontes de quem lê através da transmissão dos seus próprios valores, passados, ambições, localizações geográficas e personalidades muito particulares. Neste último aspecto, julgo que o autor foi brilhante: cada personagem, desde o anão Tyrion ao bastardo Jon Snow e passando por todas as outras, tem uma maneira de se expressar que é característica e que não é passível de ser confundida com nenhuma outra. A maioria são personagens extremamente ricas, pormenorizadas, completas em todas as suas dimensões.

Uma história construída com base em múltiplos e detalhados pontos de vista nunca permitirá a distinção de um único herói, de uma personagem principal. Não se pode afirmar que A Song of Fire and Ice seja a história de Daenerys, de Arya ou de Jon. Deixamos de ter um único modelo e, eventualmente, personagens em que o foco não incide mas que de alguma forma nos despertam interesse para passarmos a ter vários modelos, com um foco transitório que a todos dá um breve momento de ribalta para em seguida passar o testemunho a outro.

Considero este estilo muito interessante no sentido em que possibilita o desenvolvimento de todo um elenco de personagens, e talvez por isso a série consiga seguir tão fielmente os livros e satisfazer os fãs. Seria engraçado ver capítulos com pontos de vista de outras personagens noutros livros como, por exemplo, Hermione ou Draco em Harry Potter (se bem que os títulos dos livros deixassem de fazer tanto sentido). Por um lado, traria ao de cima personagens ignoradas ou menosprezadas pela dita personagem principal mas que poderiam muito bem trazer riqueza à história; por outro lado, seria uma refrescante lufada de ar fresco acompanhar outro ponto de vista - nota-se um elemento adicional na composição da história e isso traduz-se numa sensação de satisfação com o detalhe e profundidade da obra.

Não estou muito familiarizada com este tipo de narração noutras obras, contudo, há uns anos, comecei a escrever uma história que, salvo erro, continha cinco pontos de vista diferentes que se sucediam continuamente e que pertenciam a um grupo de amigos que cumpria uma missão. Lembro-me que um dos aspectos mais divertidos era, de facto, o passar para outra personagem e imaginar como cada um via e interpretava à sua maneira um mesmo acontecimento: um era mais fatalista, outra mais corajosa, um outro tinha sempre umas palavras de conforto, e por aí fora. Não cheguei a terminá-la, mas o seu planeamento fez-me aprender algumas coisas - escrever uma determinada história uma e outra vez mas sob o ponto de vista de personagens diferentes é uma excelente maneira de nos apercebermos do quão desenvolvida e trabalhada se encontra essa mesma personagem.

Apesar de tudo, não é, claro, um género de narração perfeito. É certo que garante a tal riqueza e diversidade, mas tanta diversidade pode, também, trazer algum cansaço e repetição. A linha temporal avança, à partida, muito mais lentamente, e isto poderá exasperar um leitor menos paciente que não está interessado no ponto de vista daquela personagem tanto quanto está ansioso por descobrir o que vai acontecer a seguir. Além disso, a técnica dos pontos de vista múltiplos faz com que o leitor ganhe invariavelmente gostos e preferências em relação a personagens específicas assim como indiferença ou deprezo em relação a outras, o que poderá significar igualmente uma leitura muito apressada nos capítulos de determinadas personagens e uma muito mais cuidada noutros. No meu caso e referindo-me novamente a A Song of Fire and Ice, tive muita dificuldade em ler os capítulos do Davos e alguns da Daenerys, por exemplo - estes últimos porque a acção era passada num local tão remoto e tão diferente da restante linha de eventos que não conseguia interessar-me por aquela perspectiva.

Para quem ainda não leu, aconselho se gostarem de uma história com algumas reviravoltas imprevisíveis, repleto de fortes personagens em constante perigo e passado num mundo inspirado na época medieval mas de tal modo bem explorado em todas as suas vertentes que ele quase é, também, uma personagem.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Bom ano!

2534

E é assim, chegou o ano 2012! Desejo a todos um excelente ano e que esta mudança de número vos dê força para concretizarem os vossos projectos. Este blog ainda é um embrião e 2012 será o ano que o verá realmente desenvolver-se, por isso esperem por muitos mais posts! :)